O trabalho pedagógico para desenvolver competências socioemocionais em crianças e adolescentes é uma pauta contemporânea global de educação. Relevantes organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas – ONU e a Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, aplicam esforços no sentido de realizar pesquisas científicas sobre esse tema e promover ações educacionais comprometidas com essa questão (IAS, 2014).

A OCDE, por exemplo, como entidade internacional responsável pela realização do maior programa de avaliação de estudantes da educação básica do mundo, o Programme for International Student Assessment – PISA, indica que a educação na contemporaneidade deve conduzir crianças e adolescentes para o desenvolvimento de competências que estão além do aprendizado acadêmico e das tradicionais competências cognitivas como a percepção, a memória e o raciocínio – (OCDE, 2021). 

Segundo a Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, existe uma demanda social contemporânea pela formação em competências socioemocionais para as crianças e os adolescentes que habitam todos os países em todos os continentes do planeta, haja vista a complexidade atualmente observada no mundo como resultado de processos como a globalização e a digitalização, que tem impacto na vida das pessoas, das cidades, dos países e dos continentes, nos âmbitos individual e coletivo (OCDE, 2021).

A OCDE afirma, ainda, que, apesar de diversos países espalhados pelos continentes já executarem programas educacionais com foco no desenvolvimento das competências socioemocionais, somente com o advento de pesquisas científicas que revelaram que essas competências apresentam impactos positivos de longo prazo em vários âmbitos da vida dos estudantes, foi que o tema passou a ocupar lugar de destaque na agenda de políticas educacionais pelo mundo (OCDE, 2021).  

No caso específico do Brasil, investir no desenvolvimento de processos educacionais focados nas competências socioemocionais dos alunos que estão cursando um dos anos das três etapas da educação básica nacional, pode ser o caminho que conduzirá o país para o alcance de resultados que estejam mais próximos daqueles já apresentados pelos melhores sistemas educativos do mundo em programas globais de avaliação como o Programme for International Student Assessment – PISA, haja vista o comprovado impacto positivo da presença das competências socioemocionais sobre as competências cognitivas, portanto, sobre o desempenho escolar nas áreas tradicionais, alvo histórico do PISA (IAS, 2014).

Portanto, podemos afirmar que as competências socioemocionais são uma demanda social contemporânea do mundo globalizado e digitalizado e que por esse motivo importantes organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas – ONU e a Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, por meio de suas gerências da área de educação, estão desenvolvendo pesquisas e promovendo a inclusão dessa temática nas políticas educacionais pelo mundo. 

Mas afinal de contas, por que as chamadas competências socioemocionais são tão relevantes para os membros da atual sociedade? Por que essas competências devem ser desenvolvidas quando ainda somos crianças ou adolescentes? Por que essas competências devem ser trabalhadas na escola? Quais são os impactos que a presença ou a ausência dessas competências podem acarretar na vida das pessoas? Que âmbitos da vida dos seres humanos são impactados pelas competências socioemocionais?

Competências Socioemocionais – O que são e quais as suas contribuições?

Um valioso conceito para competências socioemocionais pode ser encontrado em recente documento publicado pela OCDE com o título Beyond Academic Learning – First Results from The Survey of Social and Emotional Skills, por intermédio do qual a organização internacional em destaque define as competências socioemocionais como um conjunto de habilidades, atributos e características individuais que são importantes para o sucesso pessoal e para o funcionamento social. 

Conforme dados apanhados no documento da OCDE acima referenciado e na obra “Competências Socioemocionais – Material Para Discussão”, esta última, de autoria do Instituto Ayrton Senna, são exemplos de competências socioemocionais: a colaboração, a empatia, a confiança, a cooperação, a tolerância, a criatividade, a curiosidade, a eficácia, a motivação, a disciplina, a persistência, a liderança, o altruísmo, a responsabilidade, a comunicação e o autocontrole.

Essas competências, somadas às competências cognitivas, compõem um conjunto de competências indispensáveis para um bom desempenho (acadêmico e social) de crianças e adolescentes na escola e na vida fora da escola, apresentando contribuições para: melhores resultados no mercado de trabalho, relacionamentos interpessoais de qualidade, saúde, ingresso em cursos de nível superior, maiores salários, consecução da casa própria e aposentadoria financeiramente saudável (OCDE, 2021). 

A presença de competências socioemocionais nos indivíduos também pode contribuir para a criação e gestão de empresas de sucesso, ou para o chamado empreendedorismo corporativo (sujeito empreendedor dentro das empresas em que trabalha), com impactos no desenvolvimento social e econômico dos países. Ser extrovertido, sociável, motivado, eficaz, inovador, proativo e autônomo são exemplos de competências socioemocionais que estão associadas ao comportamento empreendedor, e quando observadas na infância ou adolescência, indicam uma maior probabilidade de que aquele jovem irá desempenhar atividades ligadas ao mundo dos negócios (OCDE, 2021).

Em Beyond Academic Learning – First Results from The Survey of Social and Emotional Skills, a Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE afirma, ainda, que em alguns casos, a presença de competências socioemocionais nas pessoas causa mais impacto do que o social background (fator geralmente associado como um dos maiores influenciadores dos resultados da vida adulta dos cidadãos) em futuros resultados no mercado de trabalho dos sujeitos.

Ao contrário do que é possível pensar, as competências socioemocionais não estão intrinsecamente ligadas às qualidades originais dos sujeitos, podendo ser desenvolvidas ao longo da vida das pessoas, por intermédio de processos intencionais de aprendizagem promovidos pelas escolas de educação básica. As instituições de ensino e os professores ocupam papel de destaque na promoção do desenvolvimento das competências socioemocionais de crianças e adolescentes. A escola é sim lugar para aprender e desenvolver competências socioemocionais que causam impacto positivo na vida pessoal, acadêmica, profissional/empreendedora das pessoas (OCDE, 2021).

E quanto mais cedo melhor. Seguindo o pensamento de James Hackman, Prêmio Nobel de Economia no ano de 2001, que defende investimentos na educação de crianças ainda na primeira infância, como importante contribuição para a mitigação de diversos problemas de ordem social, econômica e política, podemos afirmar que, investir no desenvolvimento de competências socioemocionais de crianças ainda pequenas pode contribuir com melhores resultados individuais e sociais em países em desenvolvimento como o Brasil (CARVALHO; SILVA, 2017).

Para que tudo isso seja possível é necessária a adaptação do currículo escolar para acomodação do trabalho pedagógico com as competências socioemocionais. No Brasil, a principal referência para a formulação dos currículos das escolas de todo o país, a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, faz referência ao desenvolvimento de competências socioemocionais em 3 das 10 competências gerais fixadas para o trabalho na educação básica, reforçando a tendência global contemporânea educacional de promoção de currículos conectados com as demandas do mundo globalizado e digital, organizados para o desenvolvimento das chamadas competências do século XXI (CANETTIERI; PARANAHYBA; SANTOS  2021).

Portanto, competências socioemocionais são um conjunto de habilidades, atributos e características individuais que contribuem com o desempenho individual e das sociedades. São exemplos: a colaboração, a criatividade e a liderança. Somadas às competências cognitivas, essas competências impactam em importantes âmbitos da vida das pessoas, como a profissional, a acadêmica e a pessoal. Podem desenvolver nosso potencial empreendedor. Podem transformar pessoas, sociedades e países. E, ao contrário do que é possível pensar, são competências passíveis de aprendizado mediante ação pedagógica intencional na escola conduzida pelo professor.

Você, profissional da área da educação, sabia que todas essas competências socioemocionais podem ser desenvolvidas nos alunos da sua escola por meio do trabalho pedagógico intencional com educação empreendedora? Conheça a solução Eduqhub! Nós vamos ajudar a sua instituição de ensino a trazer para o currículo da sua escola o trabalho com competências socioemocionais empreendedoras que vão transformar os seus alunos em futuros agentes de desenvolvimento social e econômico do nosso país, seja como gestores de negócios próprios, seja como empreendedores corporativos.      

Referências:

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 16 set. 2022.

CANETTIERI, Marina Kurotusch; PARANAHYBA, Jordana de Castro Balduino; SANTOS, Soraya Vieira. Habilidades socioemocionais: da BNCC às salas de aula. Revista Educação & Formação. Fortaleza, v. 6, n. 2, maio/agosto. 2021. 

CARVALHO, Rodrigo Saballa de; SILVA, Roberto Rafael Dias da. Currículos socioemocionais, habilidades do século XXI e o investimento econômico na educação: as novas políticas curriculares em exame. Educar em Revista. Curitiba, n. 63, p.173-190, janeiro/março. 2017.

INSTITUTO AYRTON SENNA. Competências socioemocionais: material de discussão. Rio de Janeiro. 2014.

OCDE. Beyond academic learning: first results from the survey of social and emotional skills. Paris: OCDE Publishing, 2021.

Imagem: Imagem de rawpixel.com no Freepik